sábado, 15 de março de 2014 | By: Amois Alves

A PEDAGOGIA DA ORAÇÃO -



A Pedagogia da Oração
Mt. 6.5-15
Exórdio

            Que a graça de Cristo esteja com esta igreja, amém?

            O assunto que trataremos hoje é por demais conhecido dos irmãos.
Não há um cristão que já não tenha ouvido falar sobre a importância da ORAÇÃO. De fato, nós não compreendemos um cristão que não ore.

A ATENÇÃO QUE DAMOS A ORAÇÃO TRADUZ A IMPORTANCIA QUE DAMOS PARA NOSSO RELACIONAMENTO PARA COM DEUS. A MEDIDA EM QUE NEGLIGENCIAMOS A ORAÇÃO, TÃO CERTO ESTEJAMOS QUE ESTAREMOS NEGLIGENCIANDO A INTIMIDADE COM DEUS.  Deus interage com o homem por meio da Palavra, mas o homem só interage com Deus por meio da oração.

Ao fazermos a pergunta: O QUE É A ORAÇÃO? Rapidamente teremos a resposta ou outras respostas, mas todas culminarão na expressão que define oração como o ato de falar com Deus. E está certo! Mas, no mundo em que vivemos a verdade é que o significado da oração está distante daquilo em que as pessoas costumam fazer quando oram. Algumas orações estão carregadas de objetivos pecaminosos e são claramente identificadas:

a)    Autoritarismo antropocêntrico: “Eu determino”; “Tem que acontecer;” “Vai acontecer”; “eu ordeno;”
b)    Pragmatismo: a oração que funciona é a oração do sacrifício, tais como: oração do monte, corrente dos 500 santos, oração do bispo, pastor, apóstolo fulano de tal;
c)    Imediatismo: algumas frases são bem repetitivas. “Deus é o Deus de já;” “eu vejo o milagre acontecendo AGORA na tua vida”;
d)    Falsidade/Ateísmo Cristão: (crê que Deus existe, mas vive como se ele não existisse) este, de um modo sutil, abrange uma quantidade enorme de cristãos em diversas denominações; oram aquilo que não vivem.

Para tanto queridos, vamos fazer uma leitura bíblica para tomarmos como base durante a exposição desta noite.

Leitura Bíblica: Mt. 6.5-13

5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
10 Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
11 O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
12 E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
13 E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.

Vamos entender um pouco desta passagem.

Visão panorâmica do livro

Quando fazemos uma leitura dos sinóticos percebemos claras semelhanças entre eles, mas com peculiaridades literárias de cada um. No Evangelho de Marcos temos uma descrição mais direta da vida de Jesus. O Evangelho Segundo Marcos veio aparecer por volta do ano 70. Após a publicação deste, aparece Mateus e posteriormente Lucas. Uma vez que o público alvo, propósito do livro visa atender determinada área, Marcos vê Jesus como a manifestação do poder de Deus, Lucas como um Salvador de um mundo perdido, Mateus irá contemplar a Jesus de Nazaré como o Messias prometido. A temática apresentada durante todo o livro é mostrar que Jesus, o Messias tem um reino, mas seu reino não é deste mundo. O livro apresenta-se, em sua maior parte, como um livro narrativo, fazendo sempre referencias ao Antigo Testamento no objetivo de elucidar que aquele que fora profetizado na época dos profetas é o mesmo que agora se revela na pessoa de Jesus.

Autoria

O livro de Mateus não aparece com sua autoria clara, como acontece nas epístolas de Paulo. Não há preocupação do autor se identificar. Todavia, um estudioso dá época, chamado Papias, reúne documentos que atestam Mateus como sendo o escritor.

Frente a este contexto, nos perguntamos se de fato as pessoas tem atentado para o que venha a ser oração? Sendo assim faremos uma breve explanação sobre o assunto com algumas aplicações para nossas vidas.



1.    O QUE É A ORAÇÃO?
1.1.       Conceito: A oração consiste em manter comunhão com Deus.

1.2.       A fé nos faz entender que Deus existe, é um ser real que pode e quer ouvir-nos.

1.3.       Orar é falar com o Senhor, expondo nossa gratidão, felicidade, adoração, necessidades e buscando socorro sempre. O Espírito de Deus, que habita nos corações dos santos, deixa-nos continuamente ligado ao Eterno, possibilitando-nos falar com Ele a cada instante, independente do lugar onde estejamos.

1.4.       "A oração é o encontro da sede de Deus e da sede do homem."
Agostinho de Hipona

1.5.       Deus nos convida a interagirmos com Ele, entrando em Sua presença com fé e ousadia. Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.Hebreus 10:19-23

2.    PORQUE ORAR?
2.1.       Por que a oração é parte da adoração;” Dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa é casa de oração;” Lc. 19.46. A igreja é o lugar onde o corpo de Cristo está reunido para adorar e manter comunhão coletiva com o Pai, por isto é chamada de casa de oração.(v.9) “[...] santificado seja o teu nome”.

2.2.       Porque a oração expõe nossa teologia; “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável”. Provérbios 28:9 É por meio da oração que nós mostramos o quanto conhecemos a Deus. Quando nos desviamos da Palavra de Deus, nossas orações são abominações perante Deus. Ninguém entra na casa de alguém que não conhece. Como poderemos querer entrar na presença de Deus se nos negamos conhece-lo por meio de sua Palavra.

2.3.       Porque a oração deve nos tornar mais humildes; “Atende, pois, à oração do teu servo, e à sua súplica, ó Senhor meu Deus; para ouvires o clamor, e a oração, que o teu servo faz perante ti. 2 Crônicas 6:19 Quando oramos não estamos dirigindo nossas orações ao nosso parceiro qualquer ou comparsa, dirigimos ao Deus soberano a quem devemos temor e tremor.
2.4.       Porque, por meio da oração, Deus age em nosso favor; "Quando buscamos a Deus em oração, o diabo sabe que estamos querendo mais poder para lutar contra ele, e por isso procura lançar contra nós toda a oposição que é capaz de arregimentar." Richard Sibbes

2.5.       Porque é uma ordem do próprio Cristo; Jesus Cristo nos exortou a vigiar e orar, (Marcos 14:38) “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”. 
Orai sem cessar. 1 Tessalonicenses 5:17
Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. Atos 6:4
Uma vez que nós já entendemos o que é orar e porque orar, chegamos na parte didática de como orar. A oração nunca foi algo distante, nem secundária da vida de Jesus e de seus discípulos. Certa vez os discípulos chegaram até Jesus e pediram que os ensinasse a orar. E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.” Lucas 11:1
Jesus ao ensinar de como os discípulos deveriam se portar sobre diversos temas, Ele começa dizendo no v.1 primeiro dizendo que eles não fizessem as coisas de aparência, feito os outros homens faziam.
 "Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial.
Mateus 6:1
3.    COM DEVEMOS ORAR? (v.5)
3.1.       Sem hipocrisia (hipocrisia = se esconder por traz de algo) /falsidade/Deus conhece nosso coração  (v.5)
3.2.       Sem culto de si mesmo/idolatria/recompensa humana (v.5)
3.3.       Sem repetições/mesmice (v.7)
3.4.       Não seguir exemplos de pessoas hipócritas/ (v.8)
3.5.       Orar com fé;
3.6.       Orar com humildade

4.    QUAL POSTURA DA ORAÇÃO? Seja em público ou em secreto, temos que atentar para o fato de que Deus não está preocupado com a posição em que estamos orando, mas com o desejo e fé que estamos orando. Para muitas pessoas que acreditar ser de joelhos a forma certa, esta apenas traduz um sentimento de humilhação e reconhecimento de um soberano.
 Antigamente que os servos iam até seu soberano para fazer petição, eles o reverenciava de joelhos e cabeça baixa. Contudo, não encontramos na Bíblia uma regra de postura para oração, apenas relatos de algumas posturas que estavam os homens de Deus quando oraram. 

4.1.       DE JOELHOS; A Palavra de Deus não estabelece uma posição para que oremos, mas encontramos alguns exemplos de homens que oraram de joelhos.
4.1.1.   (1 Reis 8:54) “Sucedeu, pois, que, acabando Salomão de fazer ao SENHOR esta oração e esta súplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do SENHOR”.

4.1.2.    (Daniel 6:10) “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer”.

4.1.3.   Jesus (Lucas 22:41) “E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava”.

4.1.4.   Estevão (Atos 7:60) “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu”.

4.1.5.   Pedro (Atos 9:40) “Mas Pedro, fazendo-as sair a todas, pôs-se de joelhos e orou; e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. E ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, assentou-se”.

4.2.       ORAR EM PÉ: Deus também ouve a oração em pé,

4.2.1.   (Lucas 18:13) “O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador”! E Deus ouviu e atendeu sua oração.

4.3.       ORAR DEITADO; Orar deitado; muitas vezes nos encontramos em uma situação que não nos permite orar de outra maneira senão, deitado. Todavia, Deus também ouve atende nossa oração conforme queira.

4.3.1.   (Isaías 38:2) “Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao SENHOR”. E o Senhor respondeu sua oração imediatamente. Vejamos o que diz em
(Isaías 38:5) “Vai e dize a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos”.


5.    O QUE ORAR?
5.1.        Ore pedindo a Deus em forma de adoração;
5.1.1.    santificado seja o teu nome”
5.1.2.   “venha o teu reino”
5.1.3.   “Faça-se a tua vontade assim na terra como no céu”. Ore mostrando submissão a sua soberania. O próprio Jesus ao orar mostrou submissão a vontade do Pai. Sl.40.8; Mt.26.39
5.2.        Ore por providencia diária
5.2.1.   O pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
5.3.        Ore por perdão, arrependendo-se;
5.3.1.   Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
5.4.        Ore por proteção/livramento/físico/de situações que nos induza a pecar; 
5.4.1.   “Não nos deixe/induzas a cair em tentação; Lc.11.4; mas livra-nos do mal”
5.5.        Ore pelos outros; Tg. 5.16 Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.

6.    HOMENS DE ORAÇÃO COMO EXEMPLO A SER SEGUIDO.
6.1.       Ser perseverante e compromissado como Daniel; Dn. 6.10
6.2.       Ser sincero e intimo como Davi; Sl.139.23-24
6.3.       Ser constante e humilde como Jesus; Mt.26.39


7.    DIFICULDADES QUE ENFRENTAMOS NA PRÁTICA DA ORAÇÃO;
7.1.       Inconstância;
7.2.       Impaciência;
7.3.       Cansaço/enfado;
7.4.       Outras prioridades;
7.5.       Faltam palavras;
"A oração fará o homem parar de pecar, ou o pecado o seduzirá a parar de orar."
John Bunyan
8.    COMO É A VERDADEIRA ORAÇÃO?
Joel Beeke
1. A oração verdadeira faz o céu descer para a alma e eleva a alma para o céu.

2. A oração verdadeira é o principal exercício da fé, onde todas as graças salvadoras convergem para o clímax na maior expressão de gratidão (a Deus), na mais profunda expressão de humildade (com referência a nós mesmos) e na mais ampla expressão de amor (aos outros).

3. A oração verdadeira é vida sincera. “É a alma soprando a si mesma no seio do Pai celeste (Thomas Watson)”.

4. A oração verdadeira é ar espiritual para pulmões espirituais.

5. A oração verdadeira é o fruto do Deus Trino, O Pai como o Provedor e Decretador? O Filho como Merecedor e Perfeito, o Espírito como Aquele que Reivindica? E Aquele que Habita?

6. A oração verdadeira tem um inexplicável modo de aumentar tanto a dignidade de Cristo quanto a indignidade do pecador, consequentemente, ambas são partes principais da gratidão e da humildade.
7. A oração verdadeira é a maior arma do crente no arsenal de Deus. O puritano Thomas Lye confessou: “Eu prefiro estar em oposição às leis dos perversos a estar em oposição às orações dos justos”.

8. A verdadeira oração não prega para Deus. Não é conduzida pela mão, mas alcança a mão direcionadora d’Ele.

9. A verdadeira oração tem mais a ver com Deus do que com o homem. Está envolvida na aflição santa pela glória e o reino Deus.

10. A verdadeira oração não está focada em si mesma ou no suplicante. Não se volta para o interior para uma introspecção mórbida, mas se volta para o interior para trazer toda a incapacidade e depravação do pecador, para fora e para cima, para o Deus Todo Poderoso da graça.

11. A verdadeira oração deixa Deus ser Deus. Ela esvazia as mãos e o coração perante o acessível trono de Deus.

12. A verdadeira oração não é explanação, mas petição. Não diz ao Senhor como converter um pecador, mas pede a Ele para fazer isto, confiando que Ele sabe mais do que qualquer suplicante.

13. A verdadeira oração expõe tudo diante do Senhor como se Ele não soubesse nada sobre a condição do pecador, mesmo sabendo que o Senhor sabe de tudo.

14. A verdadeira oração reconhece que não muda Deus nem as coisas, mas compreende que Deus frequentemente se agrada de realizar Seus propósitos por meio da oração.

15. A verdadeira oração é comunhão com Deus. É uma leve indicação da conversa eterna no céu.

16. A verdadeira oração não é uma tempestade de palavras em uma elevação de voz cada vez maior, mas é uma questão do coração em uma meditação cada vez mais profunda diante de Deus.

17. .A oração verdadeira, quando negligenciada, é como um cabo de força sem eletricidade, um computador desligado, uma falha no sistema. As informações valiosas não descem nem sobem.

18. A oração verdadeira é ornada em palavras, mas seu corpo é sem palavras.  É um trabalho do coração. Por isso, Bunyan acertadamente recomenda: “Quando orares prefira deixar que teu coração fique sem palavras, do que tuas palavras ficarem sem coração”.
  
19. A oração verdadeira é banhada na fé. A oração incrédula é uma oração infrutífera, não importa quão sincera possa ser.
20. A oração verdadeira pelos outros também colhe grandes benefícios para o suplicante no sentido de se sentir mais íntimo com Deus.


Epílogo

A oração é a ferramenta do crente para interagir com Deus, desfrutando de sua comunhão e bênçãos. Deus quer nos ouvir, basta que cumpramos fielmente sua Palavra e que possamos pedir ao Espírito Santo que Ele nos ensine a orar.


Mensagem pregada no dia 19/01/2014, na
IEC de Macaparana.
Sem. Amois Alves da Silva